O último Zelda tal qual o conhecemos?

Gui tá com uma resenha quase pronta desde sexta-feira, mas foi atropelado por um caminhão e perdeu as duas pernas, a metade direita do rosto, todos os dentes, os rins e o mindinho da mão esquerda. Como ele usava esse dedo pra apertar Shift, e sendo Caps Lock um porre, não tem post pra vocês ainda.

Enquanto isso, falemos de Zelda.

Não achei as fontes necessárias, mas li em uma EGM que Miyamoto afirmou que Twilight Princess seria o último Zelda nos padrões atuais. Caso alguém saiba onde o cara disse e tenha um link, favor postar nos comentários. Essa declaração do Mestre me deixou meio encucado por uns dias. A primeira imagem que me veio à mente foi um jogo de minigames, algo como “Tingle Party” ou “The Legend of Zelda: The Harp of Infinite Fun”, o que me deixou com medo, bastante medo.

Depois meio que esqueci disso. Ontem, jogando Majora’s Mask, o assunto me veio de novo à mente quando peguei o arco-e-flecha pela primeira vez. Pensando um pouco, notei que até agora todo Zelda segue essa estrutura: pegue o bumerangue e o arco-e-flecha nos primeiros templos, resolva os puzzles envolvendo bumerangue e arco-e-flecha, exploda bombas, colecione corações, encontre as fadas, consiga as quatro garrafas, por aí vai. Não que eu esteja reclamando, pra deixar bem claro. Até hoje fui fã desse sistema de jogo.

Mas pô, de vez em quando tem que inovar. Digamos que a série não tivesse ido pro mundo 3D com Ocarina, mas mesmo assim títulos continuassem sendo produzidos. Teríamos uma infinidade de clones, cada vez mais bonitos, de A Link to the Past. Em um você controlaria as estações, em outro alternaria entre duas épocas distantes, em outro estaria em uma ilha completamente diferente de Hyrule, mas a base ia ser a mesma. Em 16 anos (a aventura de SNES foi lançada em 1991) a palavra “Zelda” não teria mais impacto nenhum. Um exemplo de série que não se reformula e tá indo pro saco: Mario Party. Estamos na quadragésima edição e o jogo ainda é o mesmo da primeira, só que sem o mesmo impacto, sem o fator “nossa, um jogo de festa, pra jogar enquanto se come pizza e toma refrigerante com os amigos”.

Ocarina of Time chegou pra levar Zelda a um novo patamar, e funcionou. Mas nesse caso o novo patamar foi a terceira dimensão. Considerando TP o ápice da série no 3D, como ALttP foi o ápice 2D, qual seria a nova revolução para que os jogos não caíssem no marasmo?

4D é o caralho. Por isso esse é o “último Zelda tal qual o conhecemos”. Alguma coisa tem que mudar, mas a mudança não é tão óbvia quanto foi do SNES pro N64. E também espero que não seja muito superficial, como trocar de quatro para três garrafas a serem encontradas.

Minhas considerações acerca do negócio:

– Por favor, mudança drástica de estilo de jogo não. Não quero um FPS, não quero um RTS, não quero um jogo de plataforma 2D. Já fizeram isso em Adventure of Link e não foi legal. Zelda é Zelda, e vice-versa.

– Jogo de festa multiplayer não. Já falei, mas é só pra reforçar. Nem Zelda Kart, pelo amor de Nayru.

– Continuar seguindo a mesma fórmula também não. O próximo jogo ia ser uma cópia melhorada/piorada de Twilight Princess e então cairíamos na questão mesmice. Tipo aqueles filmes de terror: “Jason X”, “Halloween 8”, “Mais Alguma Descoberta Irrelevante Acerca do Massacre da Serra Elétrica”.

– E nem continuar a mesma fórmula, mas em versão Barbie controlando a Zelda e tendo que coletar quatro garrafas com topinho. Perdão, meninas, se alguma lê o NC, mas no fundo nem vocês querem isso. Eu sei que não.

– Dublagem? Acho que se fosse só pra pôr dublagem ninguém ia dizer “ohmygod temam, esse é o último Zelda tradicional”.

– Trocar só o estilo gráfico não deve ser, porque isso já foi feito em Wind Waker e nem por isso alguém fez um anúncio apocalíptico antes.

– Nem mudar o lugar onde se passa a história, também já foi feito algumas vezes. Talvez mudar o lugar, todos os inimigos e itens. Nada de octorok, de moblin e garrafa. Tudo reformulado. Quem sabe?

– Antes de escrever o texto, eu tava apostando em uma mudança de época. Se é pra série ficar tão diferente, que tal uma Hyrule mil anos no futuro? Não que eu goste da idéia de tocar um batidão pra chamar a nave Epona, mas me parecia uma idéia interessante. Templos futurísticos, clawshot laser, um Link cyberpunk e história envolvendo andróides à Blade Runner não soaram tão mal durante aquele momento anterior ao sono. Afinal, Final Fantasy começou como uma fantasia medieval feinha e agora temos um ambiente futurista todo lindão em FF XIII. Mas enquanto eu escrevia esse texto, pensei melhor e acho que o mais provável pode ser:

– Um jogo no estilo da trilogia Prince of Persia. Afinal eles também têm lutas, puzzles de empurrar caixa e “templos”, só adicionando um pouco de agilidade ao personagem. Se você pensar bem, a Nintendo já flertou com a idéia no último Zelda. Ou você não achou as Hidden Skills nem um pouco parecidas com as cambalhotas do Príncipe? Acho que nada impede a série de ir por esse caminho, como foi feito com Tomb Raider em Legend.

De qualquer modo, excetuando-se o FPS e o Zelda Kart, tenho certeza de que a Nintendo vai saber fazer um bom jogo. Não tenho mais o medo que tinha quando li a notícia pela primeira vez. Se os caras vão fazer uma mudança drástica, vai ser uma mudanda drástica legal. Eles ainda não conseguiram errar com Zelda, acho difícil ser dessa vez.

E vocês, qual acham que vai ser a revolução na série? Favor postar aí nos comentários suas previsões, ou então chicotear-me devidamente por ter colocado Epona e batidão na mesma frase.

[UPDATE]: é impressão minha ou meus pesadelos se concretizaram mais rápido do que eu esperava?

[UPDATE 2]: ah tá, o jogo acima é Tingle RPG, já lançado em setembro de 2006 no Japão, com o título Mogitate Chinkuru no Barairo Ruppī Rando, que em tradução literal pro inglês ficaria “Freshly-Picked Tingle’s Rose-Colored Rupee Land”. Obrigado ao pessoal que forneceu a informação. Agora tô mais tranqüilo.

26 Responses to O último Zelda tal qual o conhecemos?

  1. Nightshadew disse:

    Zelda Cyberpunk :mestre:
    Mas é improvável. Do que você colocou aí, o que tem mais chance é deixarem tipo PoP mesmo. Só que mesmo o esquema do PoP já está meio manjado.

    HÁ! Botas antigravidade. Imagina só os puzzles.

  2. Lord Zero disse:

    Hahahaha túnica o caralho! O Link vai usar regatas pretas e kilt à la Korn!

    Ou não.

    E você, Pedal, que sabe programar, tive uma idéia completamente louca de jogo hoje… Preciso falar contigo!

  3. Alves disse:

    AHAHHAAHHAAHAHA!

    Porra é verdade isso, exemplo é o Castlevania que cada jogo é apenas uma versão diferente do Symphony of the Night (basta ver os jogos do GBA e do DS) que por sua vez é um upgrade ferrado na estrutura do que foi o Metroid do SNES, alem de usar um tema 50 vezes mais interessante… mas que deu no saco já e não apenas para o Castlevania, mas sim para todos os jogos do genero.

    Mesmo caminho tá indo a franquia do Metroid 3D a propósito.

    Acredito que a alma “Zelda” que evoluiu na transição SNES~N64 morreu por ali enquanto o Final Fantasy (usado ali de exemplo)/King of Fighters/tantos jogos que existem a mais de 10 anos foram sempre evoluindo em algo, o que eles poderiam ter evoluido nesse tempo outras empresas chegaram primeiro e agora a visão de um jogo 3D anda meio limitada para o tipo de jogo no naipe do Zelda, da para evoluir sim mas a serie está muito “no passado” então se eles derem um avanço muito violento vai ter fã reclamando que os novos jogos não prestam e coisas do genero por ter se distanciado demais do que era o original.

    Enfim ainda não joguei esse TP, tava até jogando mas fiquei com frescura de que não quero jogar esse jogo mais no GC e por isso to esperando aqui a oportunidade de pegar a versão next generation adfadfadf

  4. Gui Stadler disse:

    Wtf Alves!? OAEHfajflkasflksa

  5. Guelerme disse:

    Synth of Time, alguém? 😛

    Imagina um Zelda a la GoW, com o Link falastrão, Zelda quase sem roupa e Lizalfos sendo abertos cruelmente com as mãos…Tudo isso passado no futuro, com trilha sonora “tuntz tuntz”…

    Certo, agora daqui a 5 anos, quando tu sair do estado de choque, a gente se fala.

    Sério, agora, eu não sei o que eles vão fazer pra mudar, mas a fórmula está desgastada faz muito tempo…Claro, nós ainda jogamos, for old times sake, e pois não é ruim, só…bem, superabusado.

    Vejam o Resident Evil, por exemplo. No 5o jogo “convencional”, eles viram que não tinham muito mais com que trabalhar com a engine “empurra caixa, evite zumbis, pegue a Magnum e poupe toda a munição para o BOW gigante…”, e fizeram o quê? RE4. Que é um baita jogo.

    Um Zelda mais “ágil” seria legal, e eles poderiam trabalhar um pouco mais com o lado “mágico” do jogo…Zelda 2 tinha magias e barra de mágica que serviam para algo, de verdade. E acho que eles tem que destruir a Master Sword e mergulhar o mundo nas trevas pro próximo jogo. Seria legal jogar um Zelda no qual o teu Link ouve falar de uma espada que poderia vir a salvar o mundo, pra logo depois descobrir que ela não existe mais…Sei lá. 😀

  6. Gui Stadler disse:

    Até pouco tempo atrás eu era um desses que considerava Zelda intocável, mas de uns tempos pra cá, não acho que seriam ruins idéias do tipo essa que você citou, Guelerme. God of War e tal.

    Não, não quero ver a Zelda de degote, tampouco o Link fazendo sexo em troca de uma bottle com uma fada ou whatever, mas sim o estilão Hack’n’Slash de ser. Eu sinto falta de matar um inimigo de maneira foda em um Zelda…Não acho que seria tão ruim inventar uns ataques combinados, combos usando o cenário, um Link mais agressivo, acho que ISSO ia transformar a série.

    Agora se o Link virar um Cyborgue num cenário Punk Alternativo Indie Futurístico, eu vendo a minha irmã.

  7. Lipedal disse:

    O Alves e o Guelerme deram os exemplos que fugiram à minha mente na hora de escrever o post: Resident Evil e Castlevania. No fim não consegui lembrar e coloquei como exemplo os filmes de terror.

    Sobre as previsões, sinceramente, o que eu menos quero que aconteça com Zelda é tornar o Link um grosseirão assassino em série violento. Já senti isso com Prince of Persia, e não foi legal. Cola com God of War, mas não com Zelda. Ok que o Link é basicamente um assassino serial e tal, mas ele é um assassino serial galã e herói, e não um filho da puta querendo ver sangue e virar deus de qualquer coisa, tendo que abrir inimigos com as mãos e comer suas tripas. Se fizerem isso com o jogo eu viro Sonysta/cometo suicídio.

    Já a idéia do Link ser um cyberpunk tatuado em um cenário futurista não me assusta tanto quanto a violentificação do garoto Kokiri e a banalização da Zelda. A estrutura permaneceria a mesma. A princesa continuaria uma princesa, guardadas as devidas proporções. Imaginei algo como a Rachael de Blade Runner (mas loira), e não uma prostituta punk em um beco sujo. Quanto ao elfo, não imaginei um cara de cabelo espetado com braço mecânico. Pensei em algo mais estiloso, meio assim mas no estilo Link de ser.

    Dêem pulos ao herói, façam combos de detonar 10 inimigos numa seqüência, coloquem-no em templos futuristas combatendo moblins ciborgues com uma espada de antimatéria, qualquer coisa. MAS PELO AMOR DE DEUS, FAZER UM JOGO ZELDA JORRAR SANGUE E TRIPAS NÃO.

    Obrigado,
    A gerência

  8. Duriel/Quoteriel disse:

    dalksjdlkasj droga, quero dormir, li o post inteiro…mas falta ler todos esse comments
    amanhã eu comento com mais calma, peidal.

  9. feroz disse:

    E se o Link fosse negro? Ia ser uma revolução e tanto, não?

    – Yo nigger, gimme that heart

  10. cavernanerd disse:

    O próximo zelda será um RPG e não um adventure, terá uma equipe com limite de 3 personagens e batalha por turno… link ataca, a zelda cura, bla bla bla…

    *imaginando*

  11. Gui Stadler disse:

    O Tingle RPG foi anunciado à muito tempo, Lipe…/wts,

  12. Lord Zero disse:

    *imaginando o Link colocando uns puta óculos escuros, tirando a 12 das costas de sua regata preta e dizendo “Hasta la vista, Tingle!”*

  13. Lipedal disse:

    *imaginando Link conversando com um Goron de braço cibernético, que conta que uns Stalfos góticos tão tocando o terror no beco onde os Zoras metaleiros costumam ensaiar. Link vai lá, toma umas ondas sônicas de pavor dos Stalfos e depois de sair da paralisia detona todos em um combo fodão envolvendo paredes, pilares e o clawshot laser. Depois o Goron dá um heart disc pro Link fazer upgrade nas nanofibras da roupa dele*

  14. Gui Stadler disse:

    PORRA LIPE ENTRA NO MSN!

  15. Nightshadew disse:

    Não imagino um Zelda cyberpunk. É diferente demais, praticamente outra série. Se colocarem tema futurista, vão deixar o cenário não tão sombrio.

  16. cavernanerd disse:

    Esse jogo do Tingle aí já foi anunciado faz tempo. Ele é bem famoso lá pros amarelinhos, mas não é muito querido aqui no ocidente.. chuto que só vai sair em japa.

  17. Fabio Bracht disse:

    “It’s the end of Zelda as we know it… and I feel surprisingly fine.”

    Cara, eu lembro quando anunciaram que o próximo Zelda teria gráficos em cel-shading, todo bonitinho e meigo. Eu era leitor assíduo da Nintendo World (e ainda sou, só que agora eu escrevo lá :D) e lembro das cartas que o pessoal mandava todos os meses, mandando até a mãe do Miyamoto tomar na Goron Mines.

    E mês após mês eu lá em casa, impassível, com uma única frase na cabeça: “A Nintendo sabe o que faz.”

    É exatamente assim que eu estou agora. Vocês podem tentar ficar adivinhando, mas eu tenho 100% de certeza que o que quer que a Big N faça para dar essa revigorada na série, vai ser algo que ninguém está esperando. Nada de FPS, nada de RTS, nada de sangue e tripas (OH GOD THANK YOU), nada de nada. Apenas o Zelda de sempre, mas com alguma coisa surpreendentemente simples… que vai mudar tudo.

    Dôo meu Wii pra caridade se não for assim.

    PS.: Puta post do caralho, Lipe. No Controle FTW!

  18. Lipedal disse:

    Tingle RPG? Mas quê? Alguém sabe onde encontro mais informações sobre isso?

    Fabio, comigo foi a mesma coisa quando acabei de ler aquela NW com um loirinho cartunesco feio e deformado na capa. Respirei fundo e fiquei tranqüilo. Por mais bizarra que seja a transformação, esse pessoal não aprendeu a errar com Zelda.

    E se dessa vez for uma mudança drástica, eu mudo meu nome pra Caridade.

  19. Gui Stadler disse:

    Tingle RPG já foi anunciado faz tempinho, tanto que até já tem boxart dazamérica e tal.

  20. Katsutoshi disse:

    “Mesmo caminho tá indo a franquia do Metroid 3D a propósito.”

    Tem que ver que…por enquanto… Metroid Prime é trilogia…entao deve seguir o mesmo enredo… Ah… falta habilidades? Metroid Prime 2 colocou algumas, fora a substituiçao dos “Beams” tradicionais para o Light, Dark e Anihhilator Beam.

  21. Bem, eu acho que esse papo todo é apenas para chamar atenção.

    O Proximo Zelda (depois de PH de DS) será exclusivo de Wii e deve dessa vez er feito APENAS para Wii, logo se imagina que os controles sejam REALMENTE utilizados de maneira criativa.

    Acho que talvez um Zelda sem Link fosse uma maior supresa…Quem sabe? Ele ja virou lobo né…hehe

  22. Lord Zero disse:

    Parece algo em comum que todos liam NW.
    Eu comprava todo mês, sem parar. Infelizmente o meu intere$$e acabou…

    Eu olhei a capa e num acreditava de jeito nenhum que aquele era o Link. Apenas aquela triforça no escudo que me fazia voltar à realidade e me conformar.
    Eu achava realmente que ia ser uma bosta, com todos os leitores da revista falando o mesmo, mas o Miyamoto se provou certo. E agora sei que ele num vai fazer merda no meio do caminho.

    Com certeza as mudanças serão pra melhor! E nada de Zelda 2084 hahaha

  23. Lipedal disse:

    Eu tava brincando agora há pouco no Majora, dando uns pulinhos e tal com a câmera travada, e de repente o comentário do Fabio me veio à cabeça. “E se simplesmente tirassem a mira?”

    Em cada lugar da internet diz uma coisa quanto a esse ser o último Zelda tradicional. SE for o último Zelda 3D tradicional, essa pode muito bem ser A mudança. Em 1998 a trava foi um sistema revolucionário, mas hoje já dá pra fazer algo legal sem ela. Tira a mira e temos um sistema de batalha livre e acrobático pra matar “capangas” (não sei quanto aos chefes, mas a Nintendo sabe). Seria uma grande revolução por meio de uma mudança simples.

    Mas tá, deixemos a discussão por conta dos desenvolvedores.

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