Olha, um post com jogos indie!

Conversando com o pessoal nos comentários dos últimos posts, percebi que a aceitação dos jogos indie vem aumentando. De “mimimi eles têm preguiça de fazer jogo bem-feito e querem destruir o mercado” e “aiai, arte arte arte, jogo não é arte, jogo é dar uns tiro”, a opinião pública parece ter passado para o consenso de que jogos independentes são uma indústria paralela à mainstream, uma espécie de linha do tempo alternativa em que os jogos continuam sendo feitos com poucas pessoas e tecnologia de anos atrás, não sendo necessário gastar milhões para desenvolvê-los e portanto abrindo a possibilidade de se explorar mecânicas absurdas (Today I Die), criar pequenas piadas jogáveis (You Have To Burn The Rope), tentar fazer arte com algoritmos e sprites (Passage), ou simplesmente dar vida a um conceito que poderia muito bem ter virado jogo em 1985, o que não aconteceu porque um garoto promissor resolveu desistir de seus sonhos e virar engenheiro civil, e o conceito ficou na Gaveta da Evolução Humana por 25 anos até outro rapaz sem muito a perder resolver ganhar a vida fazendo jogos e acordar com uma ideia brilhante para um jogo (VVVVVV).

Sendo assim, é possível que você comece a ver mais posts sobre a cena indie aqui no No Controle – se alguém se opõe, por favor manifeste-se nos comentários, sua opinião será muito bem-vinda. Por enquanto, comecemos com um post simples e direto: recomendações de alguns joguinhos engraçados para terminar em 15 minutos e lavar a alma depois de 100 horas de Mass Effect 2. Pode ser que você já conheça todos – se esse for o caso, no próximo recomendo alguns indie games mais artísticos, tocantes e o diabo – aceito sugestões.

This Is The Only Level

Em algum lugar das atuais concepções sobre o mundo gamer, deve haver uma linha fina e sutil que separa “flash games” de “indie games”, Yeti Sports de Never Look Back, Sinuca Online de flOw, “jogue aqui jogos grátis e divertidos” de “cara, isso é ARTE”. Talvez nem haja uma separação propriamente dita, mas mesmo que essa linha exista, eu não tenho as coordenadas dela e vou misturar as duas categorias a gosto.

Os jogos do elefante azul são bons exemplos, como é o caso de This Is The Only Level, genial e feito em flash. O conceito é simples: há apenas uma fase, mas você precisa terminar ela diversas vezes com modificações nas regras do jogo a cada vitória. A princípio, as setas do teclado movimentam o elefante, mas logo os controles invertem, surge um vento forte como obstáculo, o jogo vira mais metajogo do que já era, por aí vai. De dica, apenas o nome de cada variação – embaixo do sempre presente “Level 1”.

This Is The Only Level Too

Contrariando minha crença de que This Is The Only Level tinha explorado tudo o que era possível nesse formato de fase única com regras variáveis, a Armor Games lançou a sequência alguns dias atrás. Além de portas que só abrem quando você não quer, gravidade invertida e uma esperta referência a Super Mario Bros., essa segunda fase tem personagens destraváveis e diferentes modos de jogo. Recomendo após terminar o primeiro game, tomar um banho gelado e fazer um lanche.

Achievement Unlocked

“Quem precisa de gameplay quando você tem ACHIEVEMENTS?” é o lema desse jogo, que na minha opinião é o mais genial da série do elefante azul. Se This Is The Only Level é um metajogo que pode ser tratado como uma piada sutil e divertida, Achievement Unlocked é uma piada escrachada que deve ser jogada. A descrição continua: “Concentre-se exclusivamente em seu destino final… fazer tarefas aleatórias que não têm a ver com nada”, em uma paródia da moda dos achievements. Também há só uma fase, mas o objetivo é decifrar e completar a gigantesca lista de conquistas, que inclui “10 Seconds – Play for 10 seconds” e “Scrolliastic – Scroll the achievements section”.

You Have To Burn The Rope

“Burro”, você está dizendo, “esses jogos do elefante azul não são independentes, são feitos pela Armor Games, que tem até marca animada”. Talvez você esteja certo, mas eu só pensei nisso agora e a) não vou apagar metade do post por causa disso, b) eu precisava recomendar esses jogos, c) por serem games completamente inusitados, alternativos e não seguirem convenções de como as coisas devem ser feitas para fazer sucesso, caem exatamente no porquê de eu gostar da cena indie, então no fim não fiz nada de errado. Caso você ainda não esteja convencido, entra You Have To Burn The Rope, que você muito provavelmente já jogou.

Eu não sei por que recomendar esse, senão pelo fator “é preciso conhecer”, e por ser o tipo de game que eu gostaria de fazer para começar a brincar de game design. É basicamente uma piada jogável de 30 segundos – mais a ótima música dos créditos, no estilo de Still Alive -, que pode ser uma alusão ao excesso de ajuda ao jogador, tutoriais que só faltam levar o protagonista no colo e a falta de desafio que coisas como um ponto fraco sinalizado em vermelho fluorescente na cabeça do imponente chefão representam, ou pode ser que o criador estivesse simplesmente com vontade de brincar de programação um pouco, aí resolveu fazer um metajogo curto e engraçado. Por ser engraçado, não tirar muito tempo da sua vida e ser um marco de quebra de paradigmas gamer, é preciso conhecer.

Death vs. Monstars

Esse é o mais “jogo” dentro das recomendações de hoje, e é o que vai deixar você viciadinho até terminar tudo. Death vs. Monstars é um shooter jogado com uma mão só, com uma jogabilidade bastante interessante e diferente. As fases são apresentadas na forma de uma lista de afazeres culminando em matar um chefão em que, o jogo faz questão de avisar, não basta queimar uma corda. Jogando as fases é possível coletar dinheiro, que é usado para comprar armas melhores ou fazer upgrades na Morte.

Death vs. Monstars é curto, bonitinho, ágil, bom pra caramba, mas bem fácil. Não há muito mais o que dizer sobre ele – de qualquer forma, diverte um monte e vale a jogada.

Aliás, todos os cinco valem. Acho que fracassei miseravelmente na proposta de recomendar jogos independentes, já que quatro deles são da Armor Games – que tem até marca animada -, mas de qualquer forma são cinco (ou seis?) ótimos jogos-piada, curtos, em flash, cujos criadores resolveram criar seus próprios padrões ou não seguir nenhum, enquanto poderiam ter escolhido a alternativa fácil e desenvolvido um lucrativo clone de Tower Defence. Jogue e diga o que achou nos comentários!

19 Responses to Olha, um post com jogos indie!

  1. Argus disse:

    Ainda não joguei nenhum fora o Achievement Unlocked, Pedal, mas quero falar sobre o significado de “indie”. Assim como na música, “indie” deixou de representar o “status” do jogo há muito tempo. Se tem gráficos retrô ou muito artísticos, pum, é indie. Se tem uma proposta engraçada, diferente ou experimental, indie. Se faz uma referência stealth a Braid, INDIE.

    Ora, se um pequeno time da Activision fizesse um jogo sobre um avestruz em busca de todos os pixels do cenário, seria indie.

    Nada contra, só que prefiro chamar de “jogos experimentais”. E teste – acho que é o nome – o Level Up, um jogo baseado apenas em upgrades dos elementos da nave do protagonista, dos cenários, dos gráficos, da música, do menu… enfim. Tu deve conhecer.

  2. Lipedal disse:

    Boa, Argus. Eu andava tratando o termo “jogos indie” como isso que tu falou mesmo, não só como jogos feitos por uma ou duas pessoas sem fins lucrativos etc. Aí pela metade do texto eu percebi isso e pensei “opa, acho que vão me chicotear nos comentários por eu ter chamado esses jogos da Armor Games de jogos indie” e coloquei aquele disclaimer 😛

    Bom saber que foi uma mudança geral da forma como as pessoas lêem o termo, e não um termo usado de forma errada. Vou pensar sobre chamar de “jogos experimentais”, hahah!

    E já tinha ouvido falar desse Level Up mas passei batido. Vou procurar hoje, valeu pela recomendação! 😀

  3. Diego Nunes disse:

    “ou simplesmente dar vida a um conceito que poderia muito bem ter virado jogo em 1985, o que não aconteceu porque um garoto promissor resolveu desistir de seus sonhos e virar engenheiro civil, e o conceito ficou na Gaveta da Evolução Humana por 25 anos até outro rapaz sem muito a perder resolver ganhar a vida fazendo jogos e acordar com uma ideia brilhante para um jogo (VVVVVV)”

  4. Diego Nunes disse:

    www. youtube. com/watch?v=72YmfetJVlA&feature=related

  5. Lipedal disse:

    Ah, mas esse aí é de 1990.

  6. Diego Nunes disse:

    Não importa se é de 1990, a idéia já foi executada, mas não desmerece o trabalho de quem fez 6v.

    Se ver um jogo sendo rotulado de cult já não era ruim o bastante, agora indie? Não se se fico puto ou feliz, porque isso significa entre outras coisas:

    1. Não me leve a mal mas eu não concordo que essa visão diferente do termo seja boa, na verdade é um estupro. Rotular um jogo que está fora do padrão de indie cheira a inexperiência, falta de tato ou ignorância tanto da imprensa (na boa, isso deve ter sido uma idéia infeliz de algum jornalista ruim) quanto dos jogadores. E digo mais, a noção polissemântica (ui) do termo pode significar algo ruim tanto para quem é independente quanto para produtoras que só querem fazer um jogo diferente, pois abre espaço para a comodidade aproveitadora de algumas produtoras, algo que aconteceu com o wii, e casual virou sinônimo de jogo ruim, graças a quem? Já vi um troll no finalboss dizer que compraria You, Me and the cubes só pra fazer caridade. Porra, se existissem mais designers como Kenji Eno, eu passaria mais tempo jogando.
    Quer rotular, rotule. Mas pelo amor de jeová, indie não, experimental tá ótimo.

    2. sinal da revolução de idéias, produtoras vendo que os jogos precisam ser mais criativos e não baseados apenas em detalhes técnicos.

    Não sou muito otimista, acho que a primeira opção é a mais acertada.

  7. Lipedal disse:

    “Ah, mas esse aí é de 1990” foi uma brincadeira. Continuo acreditando que muitos desses jogos experimentais novos contêm ideias que poderiam ter sido tidas muito antes mas foram para a gaveta. Às vezes essa ideia até já aconteceu anos antes, mas outra pessoa pode tê-la “originalmente” duas décadas depois, o que, como você disse, não desmerece o trabalho.

    Aconteceu comigo com um jogo que fiz na adolescência, Less & Bicca – um dia eu posto aqui. Trata-se de controlar duas personagens com um só conjunto de comandos (setas direcionais), e de usar obstáculos como apoio e planejar os caminhos de forma a não matar nenhuma das duas no processo. Uns três anos depois de ter parado o projeto, um jogador veio me falar que já tinha jogado um jogo com a mesma premissa no NES, com pinguins. Mais ou menos na mesma época, saiu a notícia de que estavam lançando algo parecido para o DS. Assim como eu não conhecia o jogo obscuro dos pinguins, os caras do jogo de DS provavelmente também não e com certeza não tinham jogado Less & Bicca. A tal da “evolução convergente”, três caras tiveram a mesma ideia com anos de diferença, o que não tira o mérito de nenhum.

  8. Diego Nunes disse:

    Relaxa, eu também tava brincando. Mas eu tô diznedo que quem fez 6v talvez tivesse jogado isso e se influenciado de certa forma a fazer algo muito melhor. De um clone de contra (muito bom, por sinal) pra algo mais cabeçudo e fodástico.

  9. Diego Nunes disse:

    Porra, também tô cheio de idéis de jogos artê na gaveta, espero que ninguém as tenha porque eu ainda quero ganhar dinheiro com elas :p

  10. Lipedal disse:

    Argus, joguei Level Up. Muito bom! É um jogo sem muita pretensão mas todo genialzinho a seu modo. Só achei estranho o desenvolvimento da coisa, terminei o jogo antes de encontrar muitos dos lugares. Mas depois saí passear e fiz 100%, desbloqueia a demo do próximo jogo do cara, que parece bem promissor também 😀

    Valeu pela recomendação! Se alguém mais souber de algum jogo indie E/OU/IGUAL A experimental, por favor falem.

  11. Argus disse:

    Sabe o que é engraçado? Tu jogou um jogo DIFERENTE do que eu tava pensando ao dizer o nome, e agora eu que vou jogá-lo.

    O que eu ia indicar é um shmup. Tenho que procurar depois. De repente o nome é uma variação do que eu falei, tipo Upgrade ou algo assim.

  12. Lipedal disse:

    Uhaieuhau, então de qualquer forma recomendo o Level Up errado, enquanto não encontro o certo.

    E o que eu tinha ouvido falar era um shmup mesmo. Até estranhei quando dei de cara com um jogo de plataforma 😛

  13. Ricardo Abreu disse:

    Um mês, turma… Tudo bem por aí?

  14. Pedro Ivo disse:

    O que será que aconteceu??

  15. Lipedal disse:

    Ôôô pessoal, peço desculpas, mas o blog parou de novo 😦

    No começo do período letivo, o Gui decidiu sair do No Controle e deixar pra mim, já que nossas propostas de blog eram diferentes e a gente não sabia, e ele acha que misturar as duas propostas não vai funcionar. Eu andava caminhando pro lado indie, jogo-arte, teoria dos games e discussão sobre o futuro, e ele queria algo com mais notícias da cena gamer, discussão sobre lançamentos, mais AAA e menos indie, por aí. Ele me fez perder o gosto por jogos-arte e passar horas venerando TF2, o que regrediu pra um período jogando Tibia, mas agora está tudo bem de novo.

    Mas a aula começou, parecia tudo perfeito, blá blá, e então de repente minha vida foi inundada de problemas, um amigo que morava comigo faleceu, perdi o interesse momentaneamente por tudo, inclusive games, e por aí vai. Agora as coisas estão voltando ao normal, mas ainda pretendo recuperar a empolgação com a faculdade, com a vida em geral, e então um dia eu acordo com vontade de escrever e decido que vou voltar a divagar no No Controle.

    Desculpas ao pessoal que nos acompanhou e animou essa curta ressurreição do NC, mas por enquanto ficamos assim ^^

  16. Pedro Ivo disse:

    Beleza Pedal, é barra mesmo.
    Bom, vou continuar aqui na torcida pelo novo retorno do blog!! =D

  17. Jasmim silva disse:

    hello man, Your comment about game are so special, i bookmark yours website to visit any weak, i suggest you visit this blog: hxxp://www.jogosonlaine.[org] – thanks man for this kind of information! John A. Cristenses

  18. diego disse:

    Lipedal, já jogou within a deep forest? Jogue.

  19. Thiaguera disse:

    Eis um jogo independente, bonito e muito, mas muito original. “The Cunt”
    http://www.komix-games.com/game.php?game=cunt

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