Esses dias tava eu, reclamando cheio de desgosto do vestibular e chicoteando o Lipe pra que o mesmo atualizasse o blog, quando de repente me deu um “dbobdrbdorbdorb” na barriga, anunciando-me que eu tinha que fazer cocô. Eis que numa manobra tão automática quanto abrir a boca na presença de um garfo com lasanha (lasagna?) diante dela, começo a olhar para os lados de minha mesinha procurando pelo meu parceiro de privada, o Nintendo DS.
Imaginem meu desespero ao lembrar que o pobrezinho estava sem bateria, e tava na sala, ligado à tomada, carregando. Como fazer cocô sem jogar algo é quase tão impossível quanto zerar Devil May Cry 3 na dificuldade “Dante Must Die”, abri a gavetinha na esperança de achar meu celular, e quando abro-a… deparo com algo que todo mundo aqui já viu. Ah… um Brick Game!
Sim, aquele com 2094819857132467132716521571598 jogos, pretinho, botões amarelos, barulhinho CHATO PRA PORRA, mas levando dentro de seu HD, ou seja lá qual for o nome da porra do compartimento que guarda os dados do brinquedinho, a oitava maravilha do mundo… Tetris!
Diferente do que seus miolos estão pensando, esse post não fala sobre Tetris, mas sim sobre games simples! Aqueles que todo mundo consegue jogar. Os clássicos Tetris, Snake, PacMan, Donkey Kong (o de NES), Top Gear e tal.
Cê só precisa de duas coisas…:
Um gamer normal, como todo outro qualquer
E o game em si. De uma maneira simples, descontraída, você se diverte bastante, por um bom tempo. Descansa dos milhões e milhões de combos que o Kratos consegue fazer, de apertar Círculo, virar o analógico pra direção de um inimigo, apertar bolinha novamente e daí triângulo, pra fazer um Link Attack no The Matrix – Path of Neo… de tudo aquilo que estamos acostumados.
Simplicidade. Games e Simplicidade. Combinação quase tão boa quanto Pepsi e um filme qualquer do Jim Carrey.
O problema é que, com a evolução tecnológica, cada vez mais os games desse nível estão desaparecendo… fases repetitivas – o que não as tira o brilho da diversão –, como as de Super Mario Bros. estão sendo substituídos por cenários não-lineares, como os de GTA San Andreas. Ações simples e intuitivas, como apertar A para socar em Streets of Rage (era A?), sendo substituídas pelo analógico direito + R1 e X, para tacar uma granada em algum dos vários FPS de PlayStation 2, até mesmo a casualidade que proporcionava tardes infinitas de diversão às crianças dos anos 90 está sumindo, dando lugar a enredos espetaculares, detalhados e que exigem a atenção, como Xenosaga…
Daí parei pra pensar. É isso mesmo que os games são? Isso que eles têm que ser? Fui buscar minha resposta jogando… fui lá no banheiro, caguei jogando Tetris e fiquei sentado ali, jogando mais um pouco, até ignorar a preguiça e limpar a bunda, detalhe do qual eu poderia privá-los, mas agora já escrevi, e daí voltei para o quarto. Guardei com carinho o Brick Game na gaveta, cacei na mesa o joystick do PS2, acabei achando o do GameCube e liguei o Prince of Persia: The Sands of Time, pra quem conhece, na sala dos espelhos. Impressionado com os gráficos que meu GameCube podia reproduzir, comecei a andar pela sala, correndo pelas paredes, virando espelhos, me equilibrando em lugares estreitos, tudo com um controle na mão, apertando vários botões ao mesmo tempo – MUITO complicado.
No decorrer da jogatina, lembrei-me do que eu tava pensando… simplicidade. Não dá pra notá-la em PoP! Nem em Devil May Cry, nem em Okami, tampouco em Super Mario Sunshine, primo distante do que citei acima como exemplo de simplicidade… e daí cheguei a uma conclusão:
Foi-se, no more simple games. =(
Não posso dizer que fiquei tristíssimo com a conclusão, até por que não cheguei ao patamar de pôr os games em primeiro plano em minha vida, mas perdi o ânimo pra jogar… Daí vim na interrede, navegar em fóruns. Num desses fóruns, sim, o fHBD, vi um tópico interessante: “Flash Games”. Ah… simples e divertidos em sua maioria, excelentes pra passar o tempo! Não pensei duas vezes, cliquei e me deparei com maravilhas que me fizeram voltar a ser o garotinho (não que eu seja um adulto hoje em dia, e nem quero, mas veja bem…) de 96 que ia toda sexta na locadora, alugar um game novo para seu Super Nintendo e passar feliz o fim de semana, divertindo-se! Passei por muitos Flash Games naquela noite, The Last Stand, Sword & Sandals, “Falling Spikes” ou algo assim, todos simplíssimos. Fiquei animado de ver que, mesmo as produtoras famosas calculando polígonos e aplicando texturas cujo tamanho equivale-se ao do jogo Tibia, os gamers ainda têm seus trunfos e não esqueceram-se da nossa amada simplicidade! =)
Mas aí, achando que eu tinha concluído o assunto, alugo Feel The Magic XX/XY pra Nintendo DS! Pra mim, aquele era no momento o melhor game do mundo. Engraçado, simples, bobo e MUITO divertido! Simples pra caralho.
Daí desencanei de vez, fechei o game, comi pão-de-queijo, tomei uma Coca, passei da porra da sala dos espelhos (mentira) e vim aqui escrever. Escrever um texto que os amigos do Lipe vão zoar, só pra reforçar que, 2D ou 3D, simples ou complicado, existe pouca coisa mais divertida que videogame. =D
Ou talvez eu não passe de um mongol incapaz de apertar três botões juntos, vai saber.